Lc 12,13-21   É interessante observar a frequência com que Jesus era interpelado por alguém do meio da multidão – ou de fora dela. Mesmo nas situações em que, num primeiro momento, ele parecia ignorar o chamado, logo depois oferecia sua atenção e resposta. E sempre respondia com sabedoria e autoridade. O objetivo era claro: suas falas e seus gestos cumpriam a missão de colocar sempre a vida em primeiro lugar. Portanto, Jesus não gastava tempo e energias com questões que tinham o poder de desviar a atenção deste bem maior, que é o cuidado com a vida, com as relações humanas, com o bem comum. Isto posto, fica evidente porque Jesus se esquiva da interpelação narrada no Evangelho deste domingo. O problema apresentado não é a necessidade de curar um enfermo, de esclarecer um ensinamento, de expulsar um mal que castiga e subjuga alguém… O problema em questão é a partilha de uma herança. Embora se trate de uma situação injusta – um irmão não entregou ao outro a parte que lhe cabia –, Jesus se recusa a se envolver no conflito. É impressionante como as heranças materiais têm a capacidade de provocar brigas, processos judiciais e até mortes. […]